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CAPÍTUL O 0 4 – F A T O re s D e r I s C O e F A T O re s C O n T r I b UI n T e s P A r A O s A CID en T e s
4.4 Conceito de homeostase de risco
Existem duas políticas de Segurança Viária conflitantes no que diz respeito à prevenção
de acidentes [22]. A primeira busca melhorar as condições de segurança, minimizando
as consequências de atitudes arriscadas. Como exemplo, o cinto de segurança, airbag,
entre outros. A segunda faz com que as consequências de atitudes arriscadas sejam
mais severas, de modo que os indivíduos são induzidos a ter atitudes mais seguras. É o
caso das lombadas, passagens estreitas etc.
No entanto, segundo a Teoria da Homeostase de Risco, nenhuma dessas medidas
é capaz de reduzir os acidentes de trânsito, pois estes estão relacionados ao compor-
tamento do motorista. Argumentos e experiências mostram como o comportamento
do motorista, ou seja, o risco que ele está disposto a correr, adapta-se às situações e,
como consequência, o número de acidentes no longo prazo se mantém [22].
Além de variações macroeconômicas , há outros fatores que determinam o risco
4
que cada motorista aceita correr: fatores culturais, sociais, psicológicos, entre outros.
Em geral, pode-se dizer que o nível de risco que os motoristas estão dispostos a assu-
mir depende de quatro fatores [22]:
(i) Benefícios esperados de um comportamento de risco: redução do tempo de
viagem ao acelerar, diminuição do tédio;
(ii) Custos esperados de um comportamento de risco: multas de trânsito, re-
paros em automóveis;
(iii) Benefícios esperados de um comportamento seguro: descontos em seguros
para períodos sem acidentes, aumento da reputação de responsabilidade;
(iv) Custos esperados de um comportamento seguro: uso de cinto de seguran-
ça desconfortável, perda de tempo.
4 O nível de acidentes de trânsito apresenta grandes flutuações de acordo com os ciclos macroe-
conômicos [22]: quando há baixa na produção industrial e alta nos desempregos, o número de
acidentes cai; do mesmo modo, nos períodos de prosperidade econômica, as pessoas estão
mais dispostas a correr riscos nas rodovias. Isto porque o preço do petróleo e dos reparos dos
carros tende a ser mais baixo, enquanto a necessidade de se deslocar rapidamente aumenta. O
oposto ocorre em período de recessão econômica.
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MANU AL DE SE GUR ANÇA VIÁRIA
DER / SP