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CAPÍTUL O 0 2 – CAR Á TER MULTIDISCIPLINAR D A SE GUR ANÇA VIÁRIA
Ainda que o histórico de acidentes seja muito utilizado para prever onde os acidentes
têm maior probabilidade de ocorrer, existem indícios de que muitos acidentes não ocor-
rem nos chamados pontos críticos. Evidências apontam que uma grande proporção dos
acidentes mais severos ocorre em locais onde não existe histórico de acidentes [10].
Além disso, o histórico de acidentes não é a única informação que pode ser uti-
lizada para avaliar a insegurança de um local. Acidentes não reportados, marcas no
pavimento indicando “quase acidentes” ou, ainda, manutenções recorrentes em equi-
pamentos laterais das vias são também indicadores de locais perigosos com potencial
para melhoria de segurança.
Dessa forma, distinguem-se duas possíveis abordagens na identificação de locais
com potencial de melhoria: a abordagem reativa, em razão do risco estar presente em
locais em que acidentes ocorreram de fato, e a abordagem proativa, em locais com alto
risco, mas que não necessariamente apresentem registro de acidentes.
BOX 2 ABORDAGEM REATIVA E ABORDAGEM PROATIVA
i A abordagem reativa, como o próprio nome indica, é uma abordagem que se baseia em dados
de acidentes para direcionar as melhorias de Segurança Viária de maneira sistemática e con-
sistente. É uma abordagem que identifica locais, rotas ou áreas de alto risco ao longo da rede
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rodoviária, a partir do histórico de acidentes desses locais. Uma vez que um local de alto risco é
selecionado, ele é analisado em detalhes e um programa de tratamento é elaborado [11].
A abordagem proativa, em contrapartida, refere-se à identificação de locais de risco sem
que seja necessária a ocorrência de acidentes. É conduzida para identificar fatores de risco em
locais com potencial de acidentes e também para identificar elementos que possam agravar o
resultado de acidentes, caso ocorram [10].
Abordagens proativas podem ser utilizadas em diversas fases do ciclo de vida de um projeto
rodoviário, incluindo a fase de viabilidade, as fases de projeto, construção e períodos antes e
depois da abertura da rodovia. Essa abordagem costuma ser realizada por meio de Auditorias de
Segurança Viária (ASV), tanto para projetos de novas rodovias como para projetos de reabilita-
ção e modernização. Além das ASVs, a abordagem proativa pode utilizar métodos como a Técni-
ca de análise de Conflitos de Tráfego (TCT) e a metodologia do iRAP para rodovias em operação.
Os diferentes métodos utilizados na abordagem proativa (ASVs, TCT, iRAP) são explicados no
“Capítulo 12 — Abordagens proativas”.
4 Chamados de “blackspots”, “hazardous locations” ou “hotspots”, em inglês.
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