Page 145 - Manual_de_Seguranca_Viaria
P. 145

CAPÍTUL O   0 5   –   USO   E   TR A T AMENT O   DE   D ADOS   DE   A CIDENTE S




                  dificulta a identificação das causas dessas mudanças observadas: se elas ocorreram
                  em função de mudanças nas condições locais ou se são flutuações naturais.

                       Ao se desconsiderar as flutuações naturais na frequência de acidentes, pode-se co-
                  meter o equívoco de não considerar o viés (a tendência) da regressão para a média (RPM)

                  e, assim, incorrer em erros no processo de seleção de locais críticos com potencial de
                  melhoria. Isso torna a escolha do período de análise extremamente importante [5].





                     BOX 3    REGRESSÃO PARA A MÉDIA (RPM)

                       i     Quando um período de alta frequência de acidentes é observado, é provável
                             que uma frequência menor de acidentes seja observada no período seguinte.
                             Essa tendência é conhecida como o fenômeno estatístico da regressão para a
                             média (RPM). A RPM descreve, portanto, situações com índices de acidentes
                             aleatoriamente altos durante um período, que são reduzidos sem nenhuma
                             melhoria no local no período seguinte, ou em casos de índices de acidentes
                             baixos que sofrem um aumento sem qualquer alteração no local ou nas con-
                             dições de tráfego [5].

                                Ao se realizar a seleção de locais críticos, frequentemente são seleciona-
                             dos locais com o pior cenário recente de acidentes. Assim, o viés da RPM não
                             é levado em consideração, podendo gerar uma seleção equivocada de locais
                             de risco e de contramedidas [5], [8].
                                Tomando os dados de acidentes da Figura 5.2, por exemplo, ao considerar
                             apenas o pico indicado em “1” para a seleção de locais críticos, este local seria
                             identificado como um ponto com alta frequência de acidentes e, portanto,
                             com potencial de tratamento para melhoria de segurança. Contudo, uma di-
                             minuição na frequência de acidentes no período seguinte, como indicado em
                             “2”, pode ocorrer sem que uma contramedida específica tenha sido imple-
                             mentada, ou ainda, sem que a implantação de uma contramedida tenha, de
                             fato, apresentado algum efeito.

                                Nesse caso, como a frequência média de acidentes esperada a longo prazo
                             está abaixo do pico observado antes da intervenção, a efetividade calculada
                             para o tratamento implementado poderia ser superestimada. Assim, há um
                             risco na validação dos resultados alcançados a partir de uma simples com-
                             paração das condições de curto prazo antes e depois da melhoria ter sido
                             implementada. Além disso, a intervenção poderia ter apresentado um melhor
                             benefício-custo se aplicada em um local alternativo.

          144

                     MANU AL  DE  SE GUR ANÇA  VIÁRIA
          DER / SP
   140   141   142   143   144   145   146   147   148   149   150