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CAPÍTUL O   0 7   –   Pr O je T O   se g U r O   de   r O d O vi A s




                  tipo de segmento pode se tornar perigoso ao fornecer extensão em tangente que con-
                  vida ao excesso de velocidade, causa monotonia, leva o motorista cansado ao sono e
                  favorece o ofuscamento à noite [2].

                       Por outro lado, tangentes muito curtas nem sempre são capazes de fornecer se-

                  paração suficiente entre curvas consecutivas para possibilitar uma taxa desejável de
                  rotação do pavimento. Além disso, podem prejudicar a visibilidade e a legibilidade do
                  traçado, afetando a expectativa dos motoristas e causando desconforto na tarefa de

                  dirigir. Dessa forma, tangentes muito curtas também devem ser evitadas.

                       De acordo com dados de acidentalidade, trechos em curva apresentam índices de
                  acidente da ordem de 1,5 a 4 vezes maiores do que trechos em tangente com mesmo
                  volume e composição de tráfego. Acidentes em curvas também costumam ser mais

                  severos: entre 25% e 30% dos acidentes fatais ocorrem em curvas. Isso porque aproxi-
                  madamente 60% dos acidentes em curvas horizontais ocorrem com veículos que saem
                  da rodovia [1].

                       As curvas de transição em espiral reduzem os índices de acidentes entre 8% e 25%

                  em rodovias com padrão elevado de projeto. É importante ressaltar, entretanto, que
                  curvas espirais muito longas devem ser evitadas, pois podem dificultar a percepção
                  visual da curva e contribuir para problemas de drenagem  [1].
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                       Acidentes em curvas são influenciados tanto pelas características físicas da curva
                  (raio, ângulo central, atrito, superelevação, largura das faixas e dos acostamentos etc.)
                  como pelas características de alinhamento do trecho retilíneo adjacente (comprimento
                  da tangente anterior à curva e curvatura média da via ) [1]. A frequência de acidentes
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                  aumenta exponencialmente conforme as curvas tornam-se restritivas, ou seja, confor-

                  me o raio diminui. O Gráfico 7.1, retirado de um estudo feito na Noruega, apresenta a
                  relação entre os índices de acidentes em curvas horizontais e os respectivos raios [4].
                  Observa-se que uma redução no raio resulta em um aumento na ocorrência de aciden-

                  tes, e que este aumento é mais significativo quanto menor for o raio.



                  3   Recomendações de segurança com relação a drenagem são apresentadas no item “7.3 —
                     Drenagem”.
                  4   A curvatura média da via é determinada em graus por quilômetro, sendo calculada pela soma
                     dos ângulos centrais das curvas que compõem a rodovia (em graus), dividida pelo comprimento
                     do segmento (em quilômetros) [1].


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