Page 203 - Manual_de_Seguranca_Viaria
P. 203
CAPÍTUL O 0 7 – Pr O je T O se g U r O de r O d O vi A s
Nesse sentido, outro fator que influencia a ocorrência de acidentes é a quantidade
de curvas. Os motoristas têm suas expectativas afetadas pelo número de curvas por
quilômetro. Assim, curvas isoladas apresentam índices de acidentes maiores do que
curvas já esperadas pelos motoristas.
A densidade de curvas em um segmento é influenciada pelo tipo de terreno em que
a rodovia se encontra. Em terrenos montanhosos, é comum a incidência de curvas com
raios menores. Já em regiões planas, as tangentes longas e curvas com raios maiores
são mais frequentes. A transição entre diferentes tipos de relevo pressupõe mudanças
nos padrões de alinhamento horizontal. Essas mudanças quebram a expectativa do
motorista e podem representar um fator de risco para a ocorrência de acidentes.
Dessa forma, é desejável que a geometria anuncie as alterações no padrão da
via gradualmente, e não de forma abrupta, garantindo que o motorista seja capaz de
se adaptar às mudanças, principalmente com relação à velocidade operacional. Além
disso, é importante utilizar as sinalizações horizontal e vertical de advertência para
informar aos usuários sobre a necessidade de reforçar a atenção diante de possíveis
alterações no padrão da via.
A seguir, são listadas algumas recomendações gerais de projeto relacionadas ao
que foi destacado anteriormente a respeito do alinhamento horizontal [2], [5], [6]:
• tangentes longas devem ser evitadas, a menos que estejam localizadas
6
em regiões muito planas ou vales onde se encaixem naturalmente com a
paisagem existente. Entretanto, no caso específico de rodovias de pista
simples, é necessário que o traçado ofereça condições de visibilidade que
permitam ultrapassagens ao longo de boa parte da rodovia, o que implica
em adotar trechos retilíneos (em tangente) relativamente extensos;
• quando houver mudança da velocidade de projeto, é desejável que a geo-
metria anuncie a alteração de padrão, de modo que a transição de velocida-
de ocorra gradualmente e não de forma abrupta;
• curvas circulares devem ser dotadas de curvas de transição em espiral,
com extensão suficiente para acomodar a variação da declividade da pista
6 A definição da extensão a partir da qual uma tangente é considerada longa depende da velocida-
de operacional prevista [6]. Normas internacionais consideram que tangentes longas ocorrem a
partir de 1.000 m [5].
202
MANU AL DE SE GUR ANÇA VIÁRIA
DER / SP