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CAPÍTUL O   0 6   –   Dire T rize s   P A r A   P r O je T O   se g U r O   D e   r ODO vi A s




                       As velocidades praticadas são resultado dos elementos de projeto e das escolhas
                  subconscientes feitas pelos usuários [1], sendo influenciadas pela geometria, largura
                  de faixas, zonas laterais, fiscalização e outros elementos. Por exemplo, em rodovias

                  com pistas e acostamentos mais largos, os motoristas tendem a dirigir mais rápido. Em
                  contrapartida, curvas acentuadas e rodovias estreitas fazem com que os motoristas
                  percebam maior risco e, assim, reduzam a velocidade.

                       A visão periférica também pode influenciar a escolha da velocidade praticada pelos

                  motoristas. A presença de elementos nas laterais das vias estimulam a visão periférica,
                  o que gera uma percepção de maior velocidade e faz com que os motoristas adotem
                  velocidades mais baixas [23]. Por outro lado, o aumento da velocidade provoca uma
                  diminuição do campo de visão do motorista, o que dificulta a percepção dos elemen-
                  tos presentes ao redor dos veículos, pois o foco do motorista está no movimento à

                  sua frente.

                       Outro aspecto importante para escolha da velocidade praticada é o nível de ruído. Em
                  rodovias silenciosas, com pouco ruído, os motoristas tendem a adotar velocidades mais

                  altas, enquanto em rodovias com alto nível de ruído, os motoristas reduzem a velocidade.
                  Nesse sentido, destaca-se a importância do conceito de rodovias autoexplicativas, uma
                  vez que, entender as informações que a rodovia é capaz de fornecer aos usuários, por
                  meio de seus diversos elementos, é fundamental para estabelecer velocidades que se

                  autorregulam, e que, portanto, reduzem a necessidade de fiscalização [23].

                       Ressalta-se que o diferencial de velocidades pode contribuir para o aumento da
                  ocorrência de acidentes, especialmente colisões traseiras e colisões devido a mudan-
                  ças de faixa. Assim, características de projeto que contribuem para reduzir a diferença

                  de velocidade entre os veículos (como rampas suaves , faixas de mudança de velocida-
                                                                      12
                  de e boa sinalização vertical e horizontal) podem reduzir a ocorrência de acidentes. De
                  acordo com estudos realizados nos Estados Unidos, a severidade de colisões traseiras
                  entre veículos leves e pesados é maior à medida que o diferencial de velocidades au-

                  menta [24]. Por esse motivo, em algumas rodovias adota-se a mesma velocidade limite
                  para veículos leves e pesados. Além disso, a velocidade mínima para trafegar em uma


                  12   Especialmente em situações de aclive, os veículos pesados tendem a trafegar em velocidades
                     mais baixas. Por isso, soluções como faixas adicionais (climbing lanes, em inglês) são recomen-
                     dadas em rodovias de maior volume de tráfego. Esse assunto é abordado com mais detalhes no
                     “Capítulo 7 — Projeto seguro de rodovias”


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                     MANU AL  DE  SE GUR ANÇA  VIÁRIA
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