O Departamento de Estradas de Rodagem (DER), vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), promoverá, dias 13 e 14 de novembro, o 1º Encontro de Engenheiros para o Desenvolvimento da Infraestrutura do Estado de São Paulo.Durante os dois dias, na sede do DER, em São Paulo, o evento reunirá engenheiros especializados em infraestrutura, com a presença de representantes de universidades, estudantes de pós-graduação, além de outros especialistas dos setores público e privado, com foco em iniciativas que tornem o sistema de transporte paulista mais eficiente, seguro e sustentável.
Em mensagem em vídeo, a secretária Natália Resende, titular da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, destacou a relevância do evento."Eventos como este são importantes para olharmos para a nossa infraestrutura, para tudo o que temos feito, todos os avanços, e para sabermos como podemos aprimorar, seja por meio de novas práticas, seja por meio de tecnologias inovadoras, visando um desenvolvimento sustentável, do ponto de vista econômico, social e ambiental", disse a secretária.
O superintendente do DER, Sergio Codelo, destacou a transformação do DER em Departamento Estadual de Infraestrutura."Nesses dois dias, trataremos de assuntos ligados ao trabalho do DER, mas também relacionados ao desenvolvimento do estado de São Paulo e do país, com propostas que geram renda, emprego e propiciam aos investimentos em infraestrutura mais segurança e proteção ao meio ambiente", afirmou Codelo, na abertura do encontro.
"Com a transformação do DER em Departamento Estadual de Infraestrutura, vamos maximizar ainda mais as ações de infraestrutura no estado, em suas várias frentes e modais, sempre aliando os investimentos ao cuidado com o meio ambiente", disse Codelo.
Pavimento viário
Com o tema "Um Olhar Racional sobre a Conservação do Pavimento Rodoviário", a engenheira civil Rita Moura Fortes, professora do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), abordou os benefícios das alternativas técnicas adequadas para manutenção das rodovias."O aumento da vida útil das rodovias reduz a necessidade de reconstruções frequentes, prolongando a durabilidade do pavimento e da infraestrutura rodoviária", ressaltou a especialista.
Durante a apresentação, Rita Fortes elogiou o novo Manual de Manutenção Rodoviária do DER-SP, lançado este ano."É um trabalho representativo e de referência no cenário nacional.O manual está muito bem elaborado, completo e atualizado", destacou."Esses investimentos são fundamentais para a segurança viária, reduzindo riscos aos usuários e prevenindo acidentes", afirmou a professora do IFSP.
Na sequência, a engenheira civil Keyla Shinohara apresentou estudo de caso realizado pelo Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans), da Universidade Federal de Santa Catarina, intitulado "Avanço em Tecnologias de Pesagem em Movimento: Homologação de Sistemas para Fiscalização do Excesso de Peso de Veículos Comerciais".
"A intenção foi mostrar a importância do controle de pavimento, para que o mesmo atinja toda a sua vida útil prevista, uma vez que o sobrepeso de veículos comerciais e os danos consequentemente causados podem aumentar os custos da manutenção rodoviária", salientou a especialista.A apresentação abordou tecnologias de fiscalização com o veículo em movimento.
Em sua segunda apresentação, Keyla Shinohara discutiu novas metodologias para projetar a espessura do pavimento, em função do tráfego e do tipo solo do terreno."Estamos desenvolvendo estudos no LabTrans fundamentados em particularidades e situações.No final, será lançado um catálogo para apoiar e servir de auxílio técnico", disse a especialista.
Geometria das rodovias
Já Victória Rahi, graduanda do 8º semestre de Engenharia Civil do Instituto Federal de São Paulo, campus Caraguatatuba, apresentou a palestra "Levantamento do Projeto Geométrico Viário da Rodovia Oswaldo Cruz (SP 125) e Análise de Parâmetros de seu Trecho Crítico", parte do seu Trabalho de Conclusão de Curso.
"Os acidentes terrestres configuram uma das maiores causas de morte no Brasil, tendo como causa a inter-relação entre o comportamento humano, características do veículo envolvido e as condições da via", lembrou a estudante, no início de sua fala.
A rodovia SP 125 foi o foco de sua pesquisa devido às condições particulares que apresenta, como o traçado considerado antigo, de muitas curvas acentuadas, a restrição de veículos pesados e sem a possibilidade de intervenções para retificação do traçado, já que se encontra em área de preservação ambiental.O trabalho procurou evidenciar o histórico de altos índices de acidentes, especialmente no trecho da serra de Ubatuba, apresentando parâmetros e sugestões para possíveis melhorias.
Período da tarde
Mestre e doutor em Infraestrutura de Transportes, pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), o engenheiro civil Paulo Pereira falou sobre as contribuições do Laboratório de Inovação em Vias Metroferroviárias da USP em Estudos para a Infraestrutura Ferroviária Brasileira, em especial sobre as pesquisas de avaliação do pavimento em ferrovias e melhorias das condições operacionais."Os estudos apontam o comportamento estrutural, com testes de resistência, que possibilitarão juntar informações para definição dos tipos de manutenções que serão necessárias", explicou o especialista.
A engenheira civil Mônica Moraes, consultora do DER-SP, falou sobre critérios de confiabilidade em cálculos relacionados a projetos de pavimentação."Confiabilidade é um mecanismo usado para dar mais segurança e garantia a um projeto, com base em projeções futuras, porque você não sabe o que vai acontecer e o que pode mudar ou não", explicou a especialista."Como a gente não consegue ter dados exatos de pesagem, que são feitas por hipóteses de carga, precisamos entrar com um valor de confiabilidade", disse a especialista.
O coronel e engenheiro militar Danilo Habermann, chefe de Projetos do Centro Tecnológico do Exército (CTEx), em Campinas, doutor em Robótica pela USP, discorreu sobre o desenvolvimento da tecnologia e o seu uso em infraestrutura, citando exemplos objetivos.
Habermann abordou em sua palestra a aplicação de robótica e inteligência artificial nos sistemas de transporte, através de sensores, conectividade, poder computacional, redes inteligentes, processamento e análise de dados, controle e atuação.
"Em um mundo cada vez mais conectado, com sensores e sistemas capazes de extrair inteligência mais e mais sofisticados, não podemos esquecer que, para usufruir disso, é necessária uma boa infraestrutura de comunicações, energia elétrica e de estradas como um todo", comentou o palestrante.
Na última apresentação do primeiro dia de encontro, Evandro Madeira, engenheiro civil e pós-graduado em Engenharia de Transportes pela Escola Politécnica da USP, abordou a ciência de dados aplicada ao transporte de cargas."Cada vez que se carrega um caminhão, um vagão ou uma barcaça, é possível obter a informação, em meio eletrônico, de onde ela está sendo carregada, onde será descarregada, qual produto leva e uma série de detalhes associados que só o Brasil possui, mas que não faz uso adequado", concluiu.
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